quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Adoção é um compromisso para toda vida. Animais NÃO são descartáveis!


Abandono de animais aumenta nas férias
Os primeiros meses do ano são os recordistas de animais deixados nas ruas


artigo de Fowler Braga Filho*, originalmente publicado em http://itodas.uol.com.br/portal/casa_e_comida/bichos/materias/materia.itd.aspx?cod=2700&canal=279

Janeiro e fevereiro é tempo de férias, certo? Não para nós que atuamos na proteção e defesa animal. É tempo em que aumentam as ligações telefônicas e os e-mails perguntando se podemos aceitar aquele cachorro que foi encontrado na rua. "Puxa, mas ele é tão bonzinho, devia ter dono pois até dá a patinha", ou ainda: "Mas ele não é vira-lata! é um schnauzer gigante legítimo, não dá para vocês virem buscar?". Não, não dá!As entidades de proteção animal que possuem abrigos estão superlotadas e não podem recolher animais. E elas também não recebem nenhuma ajuda do poder público, para fazer o trabalho que, a princípio, seria do Estado como está no decreto 24645 de 10 de julho de 1934, e ainda em vigência: artigo 1o. - Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado.E também existe uma lei que pune o abandono do animal, mas o abandono geralmente é feito na calada da noite em local deserto ou, pior ainda, descartando o animal pela janela de um veículo em movimento. Logo não há o flagrante. Mas se você testemunhar, não se cale! Anote os dados do veículo, o horário e local, e denuncie na delegacia mais próxima.Mas voltemos aos animais nas ruas... Eu sei que é irônico, rude e ATÉmal criado, mas cães não brotam do asfalto, principalmente aquele "que até dá a patinha". Eles foram jogados às ruas pelos proprietários irresponsáveis que queriam curtir as férias, mas sem ter o trabalho de cuidar de um cão. Por que quis ter, então ? Ter um animal é responsabilidade para um período entre 10 e 15 anos, como média. Já conheci animais que duraram 22 anos. Foi uma vira-latas retirada do Centro de Controle de Zoonoses de Santo André por uma de suas funcionárias. Ela o levou para casa ainda com 15 dias (nasceu no CCZ) e conviveu como sua guardiã por 22 anos.
Nós que somos loucos por cachorro, como diz aquele comercial, não conseguimos aceitar que um animal seja descartado desta maneira. Sim, porque o que não faltam hoje são opções para quem tem cães. Hotéis especializados para ficar com seu cão enquanto você vai viajar, aquele parente ou amigo que pode ficar cuidando dele e, até mesmo, hotéis comuns que aceitam animais como hóspedes junto com seus donos.

E porque animais continuam sendo descartados ? Há inúmeras razões, mas a principal é que a família não avaliou corretamente o momento da decisão que os levou a ter um cão. Muitas vezes a decisão ocorre em um pet shop onde uma das crianças abre um berreiro porque quer aquele cãozinho que mais parece uma bola de pêlos. Mas era um labrador, e a familia mora em um apartamento de dois quartos, com dois filhos. Enquanto a bolinha de pêlos é uma bolinha tudo bem, mas depois de quatro meses... E tem a questão da raça. De repente, alguém na família resolver que um Akita. Éé um animal bonito e de porte, mas esqueceram de avaliar as características.
A maioria dos animais desta raça não admitem outros que não os da casa. Conheço uma criadora desta raça que sempre que chega alguém para visitá-la já avisa: "espera, deixa eu trancar as crianças". Mas porque estou falando de raças? Porque eles também são abandonados, e em número muito maior do que se pode imaginar: labrador, poodle, cocker spaniel são os que encontramos em maior número. Sem falar no pit bull, que já foi comentado anteriormente aqui nesta coluna.

Há também o aspecto financeiro. Considerando que um animal chegou na casa sem problemas de saúde, de boa origem e sem doenças congênitas, o custo médio de manutenção de um cão de médio porte é da ordem de R$ 2 por dia, incluindo vacinas, vermífugos e a consulta semestral ao veterinário. Ou seja, R$ 60 por mês. É claro que estamos considerando o básico e alimentação de custo médio também. Mas e se houver, por exemplo, mais à frente um problema neurológico ou ortopédico? Uma sessão de acunpuntura custa em média R$ 50 e um animal em crise precisa no mínimo uma sessão por semana, logo, os R$ 60,00 mensais previstos, passarão rapidamente para R$ 260,00. Seu orçamento comporta isto?
Ter um cão é um compromisso sério e de longa duração. E todos na família devem estar de acordo com esta convivência. Já presenciei adoções que não chegaram a bom termo, porque apenas uma pessoa na família não estava de acordo em conviver com um cão em casa. Não, não se iluda que com a convivência esta pessoa irá mudar de idéia. Existe sim essa possibilidade, mas ela é remota. Não corra o risco de tentar, pois o cão é que sairá perdendo, e outras pessoas da família também.

E por falar em adoção...
Adotar é um caminho muito interessante por vários aspectos. Primeiro porque você vai dar uma segunda chance para um cão que passou pelo abandono. E ,acredite, eles são muito agradecidos. Ao sentirem que estarão em um ambiente que são bem-vindos, e não correm perigo de um novo descarte, vocês irão entender o significado das palavras gratidão e fidelidade. Outra vantagem é que geralmente, os animais já passaram pela fase adulta, e não terá a fase "chatinha" de móveis roídos pela troca de dentição dos filhotes, as almofadas ou revestimento de seus estofados rasgados pelo mesmo motivo. E se forem adotados de um grupo sério, eles já virão castrados, logo, na quase totalidade dos casos (se forem machos), não terão a temível "marcação de território".

Fêmeas também devem ser castradas. Com isso, evita-se uma série de problemas como câncer de útero e de mamas, entre outros. Se for adquirir um animal ao invés de adotar, castre!. E, por favor, como lembrou nossa colega colunista e gateira Juliana Bussab (no texto "Que gato combina comigo?") compre de um criador sério. Exija conhecer pessoalmente os padreadores, analise o comportamento destes animais. O escritor John Grogan no livro "Marley & Eu - Vida e amor ao lado do pior cão do mundo" assume públicamente seu erro em não ter avaliado corretamente os padreadores. E convém lembrar que em São Paulo que já está aprovada a lei 14483 de 17 de julho de 2007, que estabelece as regras para o comércio de animais. Ela está aguardando apenas a regulamentação para ser colocada em prática. Um dos pontos fortes da lei é que ela privilegia o consumidor, os animais e os criadores sérios, que já estão estabelecidos e já se enquadram naturalmente na lei.

LEIA MAIS! Outras colunas de FowlerHistórias de uma gateiraComo cuidado bem do seu cãozinho

* Fowler Braga Filho é engenheiro, apaixonado por cachorros e fundador da Ong Focinhos Gelados (
www.focinhosgelados.com.br)

Fale com ele através do e-mail
focinhosgelados@focinhosgelados.com.br

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